Blog do Prof. Dr. Paulo Cardim nº 613 de 05 de fevereiro de 2024.

Novo ano letivo: sejam bem-vindos

De volta às aulas parece ser uma rotina, mas na Belas Artes há sempre novidades. A economia criativa conduz as nossas políticas, estratégias e ações para as inovações produtivas, que conduzem a adaptações permanentes em nossos métodos de aprendizagem. Não acompanhamos o modismo. Inovamos com criatividade.

A educação superior não pode ser um simples treinamento para o exercício de uma profissão. A educação superior deve ir além, trabalhando pela formação integral do educando.

Acabo de ler entrevista do filósofo e professor italiano Nuccio Ordine (1958/2023), reconhecido como “um dos mais exímios conhecedores do millieu social, artístico, literário e espiritual da Renascença e do início da Idade Moderna”. Guarda ele os princípios da universidade, como um centro estudos filosóficos e científicos, sem a preocupação de formar seus educandos para o exercício de profissões.

Ele tem currículo invejável. O professor universitário Nuccio Ordine contesta as “universidades-empresa” e defende mais investimento na educação, nomeadamente nos estudos clássicos.

O livro “A Utilidade do Inútil”, publicado pela Kalandraka, foi traduzido para 20 idiomas, está em trinta países e já vendeu mais de duzentos mil exemplares. Neste, o professor italiano da Universidade de Calabria, filósofo e especialista na obra de Giordano Bruno, critica a lógica do lucro que chegou ao mundo do ensino e da investigação e propõe uma reflexão sobre quais são os verdadeiros saberes que podem ajudar a sair da crise.

Estamos em plena Revolução Industrial 4.0, na era digital. As mudanças são radicais. Isso não impede a leitura dos clássicos, mas conduz à preferência de estudos práticos para o exercício de algumas habilidades para determinadas profissões ou ocupações.

A universidade, assim como o Estado, é uma empresa. Há que ter uma estrutura orgânica, com distribuição de tarefas. As metodologias de aprendizagem podem conduzir a leituras dos clássicos, mas não podem dispensar o desenvolvimento de competência e habilidades para alguma atividade artística e outras que possam retribuir o trabalho empregado.

Nós não vivemos – ou pretendemos viver − numa democracia. Vivemos num mundo onde há diversidade de raças, de classes sociais, há empresas de serviços, comerciais e industriais. Os costumes, a ética, a moral estão em contínua mutação. A universidade vai viver no passado renascentista?

Ordine fala de uma especialização precoce nas universidades. No Brasil isso não é verdade. Forma-se na graduação o generalista. Na pós-graduação lato ou stricto sensu é que se aprofundam temas específicos. Afirma que “atualmente temos gente muito competente à frente de empresas ou de governos, altamente especializada, mas que não sabe identificar uma peça de Bach ou nunca leram Thomas Mann”. E pergunta: “A escola falhou?”. Não. A resposta é simples.

É sempre bom lembrar que o estudante não é um autômato. Ele pode fazer suas escolhas, paralelamente aos planos de ensino, que seguem as diretrizes curriculares nacionais (DCNs).

O #timebelasartes está em constantes estudos e pesquisas para oferecer o melhor para os nossos educandos. A nossa Biblioteca está repleta dos clássicos, abertos à consulta e uso da comunidade.

 

Formar profissionais para atuarem na sociedade é a nossa missão. As avaliações a que somos submetidos pelo Ministério da Educação provam que estamos no caminho certo. Bem-vindo às aulas calouros e veteranos. Aguardamos e acolheremos Vocês de braços abertos para mais um ciclo de estudos.