Blog do Prof. Dr. Paulo Cardim nº 603, 16 de outubro de 2023

Educação superior & Censo/2022

O Censo da Educação Superior 2022, divulgado recentemente pelo Inep, revela algumas situações que pode se encaixar nos resultados de pesquisas desenvolvidas por professores norteamericanos do Massachusetts Institute of Technology – MIT, com mais de vinte anos de pesquisa e liderança em aprendizagem científica e inovação em educação digital, no “white paper” IDEAS FOR DESIGNING An Affordable New Educational Institution (Ideias para criar uma instituição educacional acessível).

O trabalho procura imaginar uma nova IES que “ofereça educação de nível de bacharelado acessível e de alta qualidade em áreas como ciência da computação e negócios e, eventualmente, em engenharia”. O texto, desde o início, pretende pensar o que poderia ser realizado numa instituição tradicional. 

O Instituto Semesp, em parceria com a Workalove, publicou, recentemente, uma pesquisa sobre “O modelo ideal de instituição de ensino superior na visão dos alunos”, da série “O que os alunos realmente pensam sobre o ensino superior?”. A Workalove é uma plataforma de orientação e desenvolvimento de carreiras.

A ótica de professores do MIT e a de estudantes brasileiros, por outro lado, contém informações e conclusões que podem, em grande parte, corrigir a evasão acadêmica no aspecto produtividade e reduzir drasticamente esse fenômeno, fato que as avaliações do Sinaes ainda não conseguiram desvendar.

O Censo de Educação Superior 2022 apurou a existência de 88% das instituições de educação superior (IES) da livre iniciativa. Temos 312 IES públicas e 2.283 particulares. Todavia, entre as IES da iniciativa privada, predominam as faculdades (79,8%).

As 205 universidades existentes equivalem a 7,9% do total de IES. Por outro lado, 54,4% das matrículas de graduação estão concentradas nas universidades. O alto número de faculdades, possuem apenas 12,0% dos estudantes de graduação. Os centros universidades abrigam cerca de 40%.

O típico docente possui doutorado na rede pública. O mestrado é o grau de formação mais frequente na rede privada.

Dos cursos superiores de graduação, os bacharelados são mais demandados. Contudo, há um considerável crescimento nas matrículas nos cursos superiores de tecnologia (CST) nos anos de 2021 e 2022. O fenômeno vem ocorrendo, segundo o Censo da Educação Básica 2022, para os cursos técnicos de nível médio. Uma tendência que deve crescer, em particular, pela atuação das IES particulares.

A modalidade de educação a distância (EAD) cresce de forma espantosa, paralelamente à queda no ensino presencial. A pandemia, segundo especialistas, deve ter contribuído, em parte, para esse fenômeno. Porém, nos cursos de graduação a distância, a produtividade e a evasão ainda não foram avaliadas, em virtude da recente expansão.

No intervalo entre 2012 a 2022, o número de ingressantes nos cursos de graduação variou negativamente (-24,9%) nos cursos presenciais, enquanto nos cursos a distância aumentou 471,4%. A participação percentual dos ingressantes em cursos de graduação a distância em 2012 era de 19,8%, enquanto em 2022 foi de 65,2%. As IES da livre iniciativa têm uma participação de 78,0% no total de matrículas de graduação. A rede pública fica com os restantes 22,0%.

A rede particular colocou no mercado de trabalho 81,5% dos estudantes que concluíram os cursos de graduação, em 2022, enquanto a rede pública somente os 18,5%.

A dimensão das IES da livre iniciativa no cenário brasileiro de educação superior leva-nos a refletir sobre os rumos da educação superior sobre nossa responsabilidade. Nas IES públicas, enquanto os contribuintes financiamos o ensino, a pesquisa e a extensão nelas desenvolvidos, não temos nenhuma participação na sua gestão. Cabe aos governantes, da Presidência da República, aos governadores e prefeitos, conduzirem a formação de crianças, adolescentes, jovens e adultos no processo educacional.

Cabe-nos, dirigentes de IES particulares, desenvolver processos de autoavaliação institucional e de cursos, periodicamente, tendo presente a melhoria da qualidade contínua dos serviços de ensino, pesquisa e extensão. É nossa responsabilidade social tomarmos as iniciativas para que a produtividade discente e docente possa ofertar essas funções universitárias para a formação integral do educando. Não só para o trabalho e as funções nas organizações da livre iniciativa e públicas, mas, com mais competência, desenvolver habilidades que conduzam à produção de formar empreendedores em todos os cursos superior. A Academia já está repleta de mestre doutores, mas precisamos avaliar a produção em pesquisas científicas que atendam ao desenvolvimento socioeconômico de nosso país.