Blog do Prof. Dr. Paulo Cardim nº 578, 24 de abril de 2023

Educação: um tesouro a descobrir”

Os educadores naturalmente estão lembrados desse slogan, lançado pelo Relatório Delors, em 1996, inspirado em uma das fábulas de La Fontaine – O lavrador e seus filhos -, onde entra uma confissão do pai ao filho sobre o morrer e a herança: “O tesouro está na educação”.

A Conferência da Unesco, realizada em Paris em 1998, aprovou o Relatório Delors, em seguida editado, em vários idiomas. No Brasil, Educação: um tesouro a descobrir (São Paulo: Cortez; Brasília: MEC; UNESCO, 2006). 

Ao longo da última década temos recorrido, algumas vezes, neste Blog, ao Relatório Delors e suas propostas para a Educação no século 21. Os quatro pilares da Educação resumem, de forma magistral, o que se espera em termos de uma educação de qualidade para este século, dito da Nova Era.

As viagens em torno da educação do futuro, a cada década, praticamente ficam subordinadas às tecnologias digitais de informação e comunicação e ao seu entorno, também exaustivamente abordado neste espaço semanal, sob minha responsabilidade pessoal.

A educação para o desenvolvimento humano está presente em todo o Relatório Delors, tendo por objetivo “dotar a humanidade da capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento”. É um passaporte para uma vida digna e plena, ao dotar o ser humano de competências e habilidades ao longo da vida, condizentes com o seu perfil profissional. Este, um dos pilares da Educação para o século 21 – Aprender a conhecer – que conduz ao “aprender a aprender” ou à Educação ao longo da vida. As competências e habilidades neste mundo em fase de integração e desenvolvimento global têm que ser renovadas, atualizadas continuadamente. Isto se refere ao desenvolvimento integral do ser humano, preconizado por Pestalozzi no início do século18.

As instituições de educação superior (IES), como a Belas Artes, oferecem cursos e serviços de especialização, aperfeiçoamento e atualização com o objetivo central voltado à educação continuada, além da graduação e da pós-graduação stricto sensu. São mecanismos, ao lado de outros, incluindo cursos livres, que incrementam os recursos para a educação permanente.

A Economia Criativa, incorporada pela Belas Artes ao seu processo acadêmico-administrativo, permite e abriga as teorias do Relatório Delors, associadas ao empreendedorismo, que permeiam o nosso processo didático-pedagógico. Não se trata de copiar, imitar, adaptar, mas de desenvolver, inovar e criar versões próprias que, a partir da expertise acumulada em quase um século de atividades ininterruptas, descortinam oportunidades e possibilidades, incluindo momentos como o que estamos vivendo nestes tempos de indecisões e insegurança jurídico-institucional.

O #belasartes é responsável pelo processo de inovação e criatividade que vem sendo testado, aplicado, adaptado e atualizado em nosso Centro Universitário. São ideias com implicações socioeconômicas, que têm um valor econômico, como pretende John A.  Howkin, autor e pesquisador inglês de Economia Criativa.

Os nossos princípios, valores, missão e visão de futuro conduzem a instituição, obrigatoriamente, por caminhos novos, não condizentes com estruturas arcaicas, ditas “democráticas”, que interferem nas ações pedagógicas diferenciadas das estimuladas há décadas pelo poder decadente. Nesses momentos sombrios é que entendemos relevantes o Relatório Delors, de 1996, e a Economia Criativa incorporados à nossa estrutura organizacional, com as nuances necessárias a um país continental e em fase de desenvolvimento, com reconhecido atraso nas áreas da tecnologia de ponta, e da livre iniciativa como o setor da economia apropriado à liberdade econômica e política em um Estado Democrático de Direito. A Educação de qualidade, a começar pela educação pública, deve ser o farol a nos conduzir por jornadas ao tesouro da Educação, em processo lento de construção, mas entregue a organizações que estão honrando a livre iniciativa nessa área.

O TESOUROU FOI DESCOBERTO. FALTA A SEGURANÇA JURÍDICA QUE PERMITA MAIOR LIBERDADE DE AÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NAS IES DA LIVRE INICIATIVA.