Blog do Prof. Dr. Paulo Cardim nº 599, de 20 de setembro de 2023

Fala do Magnífico Reitor nas comemorações dos 98 anos de atividades ininterruptas da Belas Artes e Outorga do título de Doutora Honoris Causa

Antes de iniciar minha fala propriamente dita, peço licença para apresentar algumas singularidades que eu levantei sobre a nossa aniversariante.

Quando uma empresa no mundo alcança quase 100 anos de funcionamento é uma grande singularidade!

 Quando esta mesma empresa atua no Brasil e está prestes a alcançar 100 anos de funcionamento ininterrupto é uma singularidade maior ainda!

Quando esta empresa também é familiar e, nesses quase 100 anos, jamais teve problemas administrativos ou judiciais de sucessão, tem mais um destaque!

Quando esta empresa, familiar, com quase 100 anos de funcionamento ininterrupto, atua no segmento de ensino superior, já é uma exceção!

Quando esta mesma empresa é sem fins lucrativos desde a sua criação até a presente data, é um diferencial à parte!

Quando esta mesma empresa, sem fins lucrativos, que atua na educação superior, na área artística, chama a atenção pela sua perenidade merece uma nota de orgulho!

CONCLUINDO:

Quando uma empresa que atua no ensino superior, na área artística, com quase 100 anos de atividade ininterrupta e ministra todos os seus cursos com absoluta qualidade, comprovada pelo MEC devido a todas as suas notas máximas “5” obtidas em todas as avaliações, esta empresa é a nossa Belas Artes!

Minhas Senhoras e meus senhores,

Vou dividir minha apresentação da Belas Artes, em 4 momentos:

PASSADO, PASSADO RECENTE, PRESENTE e FUTURO.

PASSADO

23 de setembro de 1925! Que dia!

Data da criação da então ACADEMIA DE BELLAS ARTES DE SÃO PAULO pelo Professor Doutor Pedro Augusto Gomes Cardim, que junto com Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Benedito Calixto e outros pioneiros no grupo de professores, fizeram nascer e deram vida à nossa Belas Artes.

O idealizador dessa entidade, Professor Pedro Augusto Gomes Cardim, naquela época, participou também, efetivamente, da criação do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e do Theatro Municipal de São Paulo, para possibilitar já no início do século 20, o encontro do conhecimento e da teoria, com a prática no ensino superior a ser ministrado, já vislumbrando, naquela ocasião, a importância da qualidade absoluta nesse encontro.

Pedro Augusto Gomes Cardim, visionário extraordinário!

Quando ele, célebre empreendedor da cultura, inaugurou em 23 de setembro de 1925 a Academia de Bellas Artes de São Paulo, apenas com os cursos de pintura, escultura e gravura, talvez já vislumbrasse que 98 anos depois, ela teria como denominação “Centro Universitário Belas Artes de São Paulo”, e levaria a excelência dos seus 83 cursos de graduação e pós-graduação, além do Programa Especial de Formação Pedagógica e cursos livres, para aproximadamente quase 7 mil alunos.

Assim, e olhando para essa linda história, vemos que a nossa instituição foi criada de acordo com a concepção de arte do seu fundador, concepção essa mantida até os dias de hoje, quando lembramos suas palavras:

”Uma Academia não é fábrica de produtos cerebrais, morais ou artísticos, nem de aptidões e talentos. É o centro cultivador das aptidões naturais, onde são desenvolvidas e se tornam aptas para frutificar”.

E ASSIM FOI A PRIMEIRA GERAÇÃO

 

 PASSADO RECENTE

Em 1968 tínhamos números pequenos: 5 funcionários, 16 professores, um espaço de 300 metros quadrados, uma biblioteca com 2.200 títulos e aproximadamente 80 alunos em três cursos!

Mas o entusiasmo e os sonhos eram incríveis!

Participaram desse passado mais recente, o Engenheiro Arquiteto Carlos Alberto Gomes Cardim Filho (meu tio); Dr. Paulo Gomes Cardim – professor e advogado (meu pai); além do Professor e Escultor Vicente Di Grado; do Professor Engenheiro Hésion Sandeville e do Dr. Mário Tobrini Costa, professor e médico, que observaram a necessidade de uma evolução permanente e acrescentaram mais atividades educacionais à então ESCOLA DE BELAS ARTES DE SÃO PAULO que, pouco tempo depois, passou a ser denominada FACULDADE DE BELAS ARTES DE SÃO PAULO.

A iminente expansão e a necessidade de otimizarmos espaços para imprimir cada vez maior qualidade no ensino ministrado, nos levaram à procura de uma nova unidade que veio a ser o prédio da Unidade 1, na Rua Dr. Álvaro Alvim, 76 – Vila Mariana, para onde nos mudamos orgulhosamente no ano de 1987, iniciando uma nova e vitoriosa fase.

E ASSIM FOI A SEGUNDA GERAÇÃO

O PRESENTE é a terceira geração. E ela foi composta a partir dos anos 70 por mim, meu primo Arquiteto Luciano Octávio Ferreira Gomes Cardim e o escultor Professor Vicente Di Grado.

Após muito trabalho e com a mudança para a Vila Mariana, e a possibilidade de criação de novos cursos, nos tornamos o CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO, com a construção e inauguração da Unidade 2 em 1999, assim como a abertura da Unidade 3, no mesmo bairro, para abrigar todos os cursos derivados da área de Design.

Agora, vejam o nosso crescimento!

Nesse ano de 1999 nossos números cresceram significativamente. Já contávamos com 193 funcionários, 205 professores e um espaço muito maior: 15 mil metros quadrados, atendendo 3 mil alunos em 13 cursos, não esquecendo que nossa biblioteca expandiu para 11 mil títulos.

FOI A TERCEIRA GERAÇÃO

Chegamos agora em 2023.

98 anos se passaram e deles, dediquei quase 60 anos da minha vida à Belas Artes, com muito orgulho e com a sensação do dever cumprido, pelos resultados alcançados.

O que possibilitou, nesse meu tempo, que “a jovem casa de velhas tradições” chegasse aos seus 98 anos foi porque fomos sempre guiados nas nossas reflexões e nas nossas decisões, pelo tripé: 

Amor, e Ética

Hoje, consolidando cada vez mais o nosso caminho de sucesso, já temos mais duas unidades: Cidade Jardim e Paraíso, todas elas vibrando diariamente com puro conhecimento e arte!

E vamos conferir os números.

Em 2023 temos 292 funcionários e 377 professores! Nosso espaço de trabalho cresceu de forma espetacular: 35 mil metros quadrados! O acervo da nossa biblioteca, agora “Centro Gestor da Informação” foi para incríveis 218 mil títulos, contemplando 39 cursos de graduação, 43 cursos de pós-graduação e mais um Programa de Mestrado Profissional, com aproximadamente 6.400 alunos!

E ainda melhor, já temos 5 campi, o último em construção!

Mas não é só isso. Nessa fase também inauguramos a nossa Biblioteca Infantil em agosto de 2013 com 4.000 títulos, e hoje já conta com 18 mil títulos, sendo a maioria deles em línguas estrangeiras. Através dessa Biblioteca Infantil, a Belas Artes assessorou, em todos os sentidos, a criação e instalação de 3 creches infantis com a circulação das obras. Também mantém, em outras 27 creches infantis, a circulação trimestral de aproximadamente 5.000 obras infantis. A criação dessa Biblioteca Infantil só foi possível graças à iniciativa da querida Eduarda Porto Sousa, carinhosamente chamada de Duda, a quem eu, em nome da comunidade febaspiana, agradeço essa parceria.

Ainda inauguramos, nessa mesma fase e com muito orgulho, o Museu Belas Artes o MuBA, que já conta hoje com um acervo de 2 mil obras. Criado em 2007 e com 68 exposições realizadas até o momento.

Faz-se necessário destacar que as expansões aqui demonstradas foram acompanhadas com todo cuidado e zelo para a manutenção da absoluta qualidade no ensino ministrado, senão vejamos:

Nos anos de 2022 e 2023 recebemos visitas de 11 comissões verificadoras do MEC, e obtivemos 9 notas máximas “5” e 2 notas “4” que se encontram em recurso. Recebemos ainda o reconhecimento de “EAD – Institucional”, com nota máxima “5”!

O saudoso Professor Zeferino Vaz, fundador e primeiro Reitor da UNICAMP – Universidade de Campinas, em determinada ocasião destacou que a qualidade do ensino poderia e deveria ser apurada através de um tripé:

Professor, Biblioteca e Laboratório.

Aqui na Belas Artes, nós adotamos integralmente a sua Filosofia! E esse foi o nosso diferencial!

Antes da implantação do Provão, em 1996, só existia o PAIUB (Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras) exclusivo para o ensino público.

Após a implementação do provão em 1996, iniciam-se as avaliações das entidades de livre iniciativa in loco, pelo MEC.

E a Belas Artes já estava muito bem preparada, com os melhores professores, excelentes laboratórios e, com relação às nossas bibliotecas, destacamos com muito orgulho que, a partir das avaliações efetuadas nas nossas bibliotecas pelo MEC até a presente data, in loco ou virtuais, obtiveram a nota máxima “5“, excluída somente a primeira avaliação, em 1996, que obteve nota “4” e cujas observações foram imediatamente eliminadas.

E agora vamos falar do FUTURO!

Talvez a maior dádiva que qualquer empresa e, principalmente familiar, possa receber, é saber administrar com muito cuidado e muito carinho a questão da necessária sucessão, pois boa parte das empresas não consegue passar da segunda geração.

Para obtenção de uma sucessão familiar exitosa, além do que dissemos anteriormente temos que possuir parentes vocacionados ou filhos que não sejam somente herdeiros, assim como foi o meu caso e de meus antepassados.

Pois então, o Barbudo e sua Turma, na sua infinita bondade, concederam a mim ter minha filha Patrícia Gomes Cardim – Diretora Geral, que atua na Belas Artes há mais de 23 anos e também o meu genro, Dr. Carmine Avena Junior – Diretor Administrativo, que  está conosco há mais de 21 anos.

A importância da sucessão preventiva, e não corretiva, é atingir com transparência e competência nossa meta específica e original, que é

Guiar-se pelo tripé: Amor, Fé e Ética

 

E isso já está no tempo de maturidade e se consolidará no perfil e na vocação para minha sucessão.

Amor, Fé e Ética!

Minha filha Patrícia e meu genro Carmine os possuem.

Com essas observações, Patrícia e Carmine, com certeza, preservarão a identidade da Belas Artes e superarão todas as adversidades e desafios futuros que sabemos não serão poucos, bem como alcançarão novos feitos e novas metas, pois como disse e reafirmo, Patrícia e Carmine saberão se reinventar na preservação e pelas suas mãos levarão a nossa Belas Artes a chegar aos 200 anos!

Por isso eles, que já começam a trilhar os seus caminhos pessoais e profissionais de envolvimento com a perenidade da nossa Belas Artes, recebam com carinho e gratidão, uma homenagem gravada para sempre nestas placas comemorativas, na certeza convicta que a Belas Artes, repito, em seu futuro, estará em maravilhosas mãos!

Muito obrigado.

Gostaria de chamar ao palco para receberem a homenagem:

  1. O Prof. Especialista LUIZ CARLOS BAGNO que ingressou na Belas Artes em 4 de fevereiro de 1985, tendo completado 38 anos de docência na Belas Artes, fora os 4 anos em que aqui estudou;
  1. O Doutor WALDIR JOSÉ GASPAR que ingressou na Belas Artes em 5 de abril de 1986, tendo completado 37 anos de docência na Belas Artes;
  1. A Profa. Mestre LILIANE SIMI DO AMARAL que ingressou exatos 10 dias após o Gaspar, no dia 15 de abril de 1986, tendo também completado 37 anos de docência nesta casa;
  1. A Profa. Doutora DÉBORA GIGLI BUONANO que ingressou na Belas Artes em 2 de agosto de 1988, tendo completado 35 anos de docência na Belas Artes;
  1. A Profa. Mestre NADIA OLIVEIRA CAHEN que ingressou exatos 8 dias após a Débora, no dia 10 de agosto de 1988, tendo completado também 35 anos de docência na Instituição;
  1. A funcionária ALVANISE RODRIGUES SILVA DO AMARAL que ingressou na Belas Artes no dia 24 de novembro de 1997, tendo completado 26 anos ininterruptos de atividade na administração escolar;
  1. A funcionária GRAZIELA MARQUES CARVALHO DE SOUZA que ingressou na Belas Artes no dia 7 de julho de 1998, tendo completado 25 anos de atividades administrativas aqui na Belas Artes;
  1. E o funcionário JOSÉ GILDENOR GUEDES que ingressou na Belas Artes no dia 1º de setembro de 1998, tendo também completado 25 anos de apoio às aulas práticas nas oficinas e nas marcenarias.

A representação de nossos alunos, através

Do nosso Diretório Acadêmico;

Da AAABA – Associação Atlética Acadêmica Belas Artes;

Da nossa Bateria;

Da nossa Torcida FÚRIA CUBANA, e

Do nosso Coral Belas Vozes,

Estão na programação       das comemorações, quando receberão suas respectivas homenagens.

Que tarde!

Quanta satisfação!

Dando continuidade às comemorações de 98 anos de funcionamento ininterrupto desta entidade, chegou o momento marcante de uma homenagem de outorga de DOUTORA HONORIS CAUSA à nossa querida professora Cleunice Matos Rehem.

Todos já viram e ouviram anteriormente que até a presente data a Belas Artes só concedeu a outorga de 6 (seis) títulos de Professor Honoris Causa.

Todavia, a homenageada de hoje recebe a primeira outorga de Doutora Honoris Causa.

E eu tenho muita satisfação com esse fato!

Estimada Professora Cleunice:

Como todos já puderam constatar há pouco, a sua e a minha vida estão diretamente ligadas e dedicadas à Educação, ao Ensino e, principalmente o último, ministrado com qualidade.

Viemos de locais diferentes, Bahia e São Paulo, para nos encontrarmos em Brasília, especialmente no MEC e em seus vários órgãos.

Minhas idas ao MEC e principalmente ao então Egrégio Conselho Federal de Educação, tiveram início em 1968 na cidade do Rio de Janeiro.

Em 1971, o Ministério da Educação foi o último ministério a mudar-se para Brasília e, ainda sem prédio, realizou a sua primeira reunião do então Egrégio Conselho Federal de Educação no mesmo ano, no Hotel Nacional, da qual participei.

Parte dos meus quase 60 anos dedicados à Belas Artes e, consequentemente à Educação de Livre Iniciativa, me deram como dever de ofício o contato permanente e a interação com o MEC e seus órgãos, mesmo porque participei e participo da maioria das entidades que representam o Ensino Superior Particular, o que faço com extremo afeto e dedicada responsabilidade.

Nesses momentos que citei, da nossa convivência em Brasília, eu pude ter a oportunidade de observar e aprender melhor, muitas vezes com a sua ajuda, como funciona por dentro a máquina pública e, principalmente, o seu tempo necessário de reflexão e decisão, comparado com o mesmo no ensino de livre iniciativa.

Mais do que isso, pois também a nossa participação em conjunto com os órgãos públicos conseguiram aumentar positivamente o volume de discussões e propostas que, com todos os conflitos de interesses, por fim sempre nos levaram a apreciações e decisões importantes.

Professora Cleunice, além do seu extenso Curriculum Vitae, três pontos me levaram a indicar o seu nome para outorgar-lhe com muito orgulho, o primeiro título de Doutora Honoris Causa do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

O primeiro e mais importante ponto para nós é que a senhora, ao contrário de muitos outros, jamais questionou ou levantou algum preconceito contra a iniciativa particular, da qual faz parte no ensino superior, o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

Entendo que essa sua posição democrática e inclusiva, hoje em dia é rara e, em alguns momentos, está lamentavelmente em extinção.

O segundo ponto compõe-se das suas posturas e preocupações, sempre na busca do aperfeiçoamento permanente do ensino, e da melhor qualidade em todos os níveis, seja na modalidade presencial, híbrida ou a distância, situação também extremamente rara nos dias de hoje, na nossa opinião.

O terceiro ponto, igualmente importante, são as suas críticas que, quando ocorreram, sempre foram construtivas, em consonância com as suas ponderações e profundo conhecimento, e também com a sua tranquilidade e clareza na busca da razoabilidade durante as discussões ocorridas, levando-as sempre a bom termo.

É de pessoas e profissionais como a senhora que o nosso país precisa.

Em nome da comunidade acadêmica, Doutora Honoris Causa Cleunice Matos Rehem, receba os nossos efusivos cumprimentos pela merecida homenagem que recebe hoje do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

E por fim, querida Professora Cleunice, Muitíssimo Obrigado!