Blog do Prof. Dr. Paulo Cardim nº 647 de 28 de outubro de 2024.

A era digital: fragilidades e possibilidades

A educação, o trabalho, a vida, enfim, estão caminhando a reboque das tecnologias de informação e comunicação. A robotização de inúmeras atividades, especialmente no comércio, no setor de serviços e na indústria estão, aos poucos, limitando a oportunidade de um ser humano ser atendido por outro. E os robôs que nos atendem, no pós-venda ou nas instituições financeiras virtuais e outros casos similares não são programados, na maioria dos casos, por profissionais competentes. Há muito aprendiz nesse meio.

As empresas que vendem pela internet são um caso à parte. Em uma delas o cidadão é submetido a um leque de comprovações de sua identidade, incluindo a exigência da digitalização do seu cartão identidade para “fechar” a compra. Eles não possuem arquivo digital? Basta no cadastro digital do cidadão salvar esse cartão no ato da primeira compra. Mas a Inteligência Artificial deve ser ignorada por esses sites. Ou é uma falta de inteligência dos programadores a serviço dessas empresas.

Quando a empresa remete o nosso atendimento para o whatsapp somos atendidos por um robô, inevitavelmente. Como ele não é humano dispõe de tempo limitado para esse atendimento. E quando o robô pede para falar pausadamente, ele não entende e pede para a pessoa repetir. Às vezes várias repetições.

Essas questões na terceira década do século 21, na era digital, ainda me causam, no mínimo, estranheza. É possível que seja má formação tecnológica ou esses profissionais se esquecem de um dos quatro pilares da educação para o século 21 recomendados pela Unesco: aprender a aprender, aprender sempre. É recurso tão simples, mas ignorados por uma boa parte de professores e dos diplomados em determinada carreira, no caso, a informática.

A MIT Technology Review divulgou a lista anual com as principais tecnologias que prometem ser destaque no mundo neste 2024, a tradicional “10 Breakthrough Technologies”. De Inteligência Artificial, passando por Biotecnologia e mudanças climáticas, até Computação, são muitas as inovações que deverão moldar o mundo nos próximos meses e anos. 

A tradição do MIT nessa área é conhecida e respeitada no mundo todo. Assim devemos ficar atentos a essas mudanças, pois 2024 ainda não terminou.

A Casa Branca pede ao Pentágono para aumentar o uso de IA. Essa notícia vem do governo dos EUA. O governo Biden publicou, recentemente, um memorando de segurança nacional exigindo que as agências militares e de inteligência aumentem o uso de IA, ao tempo em que orienta seus colabores diretos a ajudarem as empresas americanas a defenderem suas ferramentas de IA de espiões estrangeiros.

Um artigo interessante é “A Era Digital: Desafios e Oportunidades” de Luciano Fiuza, publicado na Revista Fórum. O artigo aborda como a era digital está transformando diversas áreas da sociedade e as implicações dessas mudanças.

Ronaldo Arrudas, arquiteto empresarial, conselheiro, estrategista, em recente artigo, diz que “Vivemos em uma era marcada por uma mudança significativa dos meios de comunicação tradicionais para plataformas digitais e hiper personalizadas, um fenômeno que tem transformado profundamente nossa sociedade”. Afirma ainda que “essa transição não apenas remodela o modo como interagimos com a informação, mas também exige uma adaptação urgente e refletida nos campos da educação e da formação cultural. Enquanto os jovens, nativos da era digital, navegam num oceano de dados facilmente acessíveis, muitas vezes se veem diante de conteúdos que carecem de uma curadoria e análise crítica apropriadas”.

Na educação superior a curadoria nessas questões cabe aos professores, especialmente nos períodos iniciais dos cursos superiores de tecnologia e os de graduação plena. Creio, assim, que a tecnologia adaptada à educação formal requer cuidados especiais, uma vez que estamos formando cidadãos e profissionais para a academia ou para o mercado convencional, em contínua mudanças.