Blog do Prof. Dr. Paulo Cardim nº 630 de 01 de julho de 2024.

Educação & gerações do século 21

Frank N. Magid Associates, uma consultoria de pesquisa e estratégia conceituada na área da educação, há mais de meio século, estuda o comportamento humano e as diferenças entre as gerações. Tem desenvolvido estudos, junto A Magid Generational Strategies, sobre as crianças americanas deste milênio: “Pluralist Generation: the first generation of the 21st century” (Geração Pluralista: a primeira geração do século 21).

Esses estudos revelaram duas gerações distintas: Plurals e Alphas.

A Plurals, mais conhecida como Geração Z, Net ou iGneration, chegou na passagem do século 20 para o 21, bastante diversificada nas questões étnicas, raciais e religiosas, passou por uma das maiores crises na história americana. Valoriza ao extremo a satisfação pessoal, em detrimento do sucesso financeiro, a igualdade de gênero. Os amigos são diferentes em termos de cultura. A diversidade é uma de suas características.

A geração Alphas, nascida a partir da segunda década deste século, dá importância à aprendizagem, aos estudos e tem uma inteligência superior. A tecnologia é o seu principal foco, prontos para viajarem em metodologias ativas de aprendizagem com mais facilidade do que as demais gerações.

Essas gerações têm acessos a recursos tecnológicos em constante evolução e processos de aprendizagem mais ativos, estimulando a sua inteligência. São jovens que compreendem e vivem a diversidade, lutam por suas causas, são autênticos, comunicadores e conectados. 

Os pais das gerações do século 21 enfrentam desafios únicos e precisam adaptar-se a um mundo em constante mudança. A flexibilidade e abertura a novas tecnologias e a compreensão da diversidade de perspectivas são relevantes para a educação dessas gerações de estilo de vida inéditos. Os pais devem estar presentes online e compreender as redes sociais e a tecnologia, fato que contribui para acompanhar os filhos e a orientá-los no uso seguro da internet; incentivar a autonomia, ao tempo em que orientam e estabelecem limites; dar o exemplo de valores como sustentabilidade, empatia e responsabilidade social; saber ouvir e apoiar emocionalmente os filhos. Esses alertas podem variar de acordo com as tradições, circunstâncias e valores familiares.

O perfil dos professores no século 21 é multifacetado e adaptativo, refletindo as mudanças na sociedade e na educação. Estes novos tempos na educação exigem professores articuladores, facilitadores e orientadores, motivando os alunos na busca de conhecimento. Deve promover experiências significativas relacionadas à vida real; o domínio de tecnologias educacionais e os recursos digitais e saber como adaptá-los às metodologias de aprendizagem adotadas. O desenvolvimento do educando deve ir além do cognitivo. O educador do século 21 é um aprendiz constante, atualizado com as tendências e inovações; é um guia, um mediador e um agente de transformação, capacitando o educando para um mundo em constante evolução. 

Em resumo, o conhecimento agora amplia os patamares e não está baseado somente em habilidades como matemática e língua portuguesa, é preciso: conhecimento interpessoal para saber lidar com a diversidade e o outro, dentro e fora de sala de aula; conhecimento cognitivo para que os educandos desenvolvam o pensamento crítico; conhecimento intrapessoal como maneira de aprender consigo e desenvolver habilidades socioemocionais.

Alex Beard era professor de uma escola no sul de Londres até que começou a se sentir estagnado na profissão e decidiu sair em busca de ideias alternativas. Uma de suas descobertas é que “há vários estudos bastante sérios que demonstram a eficácia de sistemas onde a criatividade é incentivada, onde são geradas mais ideias. E isso a própria natureza nos ensina: à medida que um animal cresce, consegue ser muito mais eficaz na hora de concretizar e canalizar a energia que precisa para sobreviver”.

O teólogo norte-americano Tryon Edwards (1809/1894), contemporâneo de Amos Bronson Alcott (1799-1888), foi um pedagogo, escritor, filósofo e reformador que segue a linha cristã de pensamento pedagógico. Uma das afirmações atribuídas a ele é “despertar interesse e inflamar o entusiasmo é o caminho certo para ensinar facilmente e com sucesso”.

Os educadores temos que reconhecer e agir no sentido de acolher o educando como um ser aberto à aprendizagem ativa, que gere conhecimento e habilidades indispensáveis ao cidadão e aos profissionais do século 21, na era digital, onde a Inteligência Artificial (IA) e as novas tecnologias da informação e da comunicação podem ser aplicadas, adaptadas aos processos de aprendizagem. Educando e educador devem trabalhar juntos, tendo por princípio uma educação de qualidade nestes tempos de transformações diárias, radicais.