Analfabetismo: múltiplas facetas
Segundo dados do IBGE sobre o Censo de 2022, as taxas de alfabetização e analfabetismo, em 2010, eram de 90,4% e 9,6%. Em 1940, menos da metade da população de 15 anos ou mais (44,0%) era alfabetizada.
Os grupos de idade de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos tinham as menores taxas de analfabetismo (1,5%) e o de 65 anos ou mais permaneceu com a maior taxa (20,3%). Porém o grupo de idosos teve a maior queda em duas décadas, passando de 38,0% em 2000, para 29,4% em 2010 e 20,3% em 2022, redução de 17,7 p.p. (queda de −46,7%).
Os 1.366 municípios entre 10.001 e 20.000 habitantes apresentaram a maior taxa média de analfabetismo (13,6%), mais de quatro vezes a taxa dos 41 municípios acima de 500.000 habitantes (3,2%).
Apesar do aumento de 80,9% em 2010 para 85,8% em 2022, a taxa de alfabetização da região Nordeste permaneceu a mais baixa. Sul e Sudeste têm taxas de alfabetização acima de 96%. Ou seja, os governadores e prefeitos da região revelam desprezo à alfabetização e, por extensão, à educação pública de qualidade. Este gera uma expressiva população de analfabetos funcionais, não somente no Nordeste, mas no Brasil.
O analfabetismo funcional é um problema grave no Brasil, mesmo após evolução nos índices de alfabetização no país. O Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional) avalia quatro habilidades funcionais nos campos do letramento e do numeramento (localização, integração, elaboração e avaliação) por meio de uma prova escrita aplicada em domicílio. Os resultados permitem distribuir a população em cinco níveis de proficiência.
Localização é a “capacidade de identificar no texto uma ou múltiplas informações expressas de modo literal ou não”; Integração, a capacidade de comparar, ordenar ou estabelecer outros nexos lógicos entre dois ou mais elementos; Elaboração, a capacidade de elaborar, criar ou recriar textos e resolver problemas com base em elementos textuais; Avaliação, “aportar informação extratextual para confrontar com informação textual ou emitir parecer sobre ela”.
O Inaf classifica como analfabetos funcionais os brasileiros que enfrentam barreiras em suas vidas como cidadãos, incluindo o mercado de trabalho. Esse indicador é aplicado a brasileiros entre 15 e 64 anos de idade por meio de um teste que analisa habilidades e práticas de leitura, escrita e matemática voltadas ao cotidiano. Os resultados mostram que o índice de analfabetos funcionais caiu apenas 10% em vinte anos. Cerca de 82% são oriundos de escolas públicas, fato que demonstra que o sistema de ensino público, entregue aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios é uma fracasso. Como tenho repetido nas postagens deste Blog.
A taxa de analfabetismo do Nordeste (14,2%) permanece o dobro da média nacional (7,0%). Por unidade da federação, as maiores taxas de alfabetização foram registradas em Santa Catarina (97,3%) e no Distrito Federal (97,2%), e as menores, em Alagoas (82,3%) e no Piauí (com 82,8%).
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2022, revela que as médias brasileiras de 2022 foram praticamente as mesmas de 2018 em matemática, leitura e ciências. Os resultados são estáveis nas três disciplinas, desde 2009, com insignificantes oscilações. Apesar da média d/a OCDE ser, nesta edição, a menor de toda série histórica, desde 2000, os estudantes do Brasil obtiveram pontuação inferior a ela nas três disciplinas.
Eis o perfil dos estudantes, na faixa dos quinze anos: 73,1% dos estudantes da rede estadual; 81,9% dos matriculados no ensino médio; 96,5% das escolas em área urbana; e 76,4% das escolas localizadas no interior.
Alguns teóricos da educação, geralmente, afirmam que “é necessário investir em políticas públicas que garantam o acesso à educação e valorizem a leitura e a escrita”. Ledo engano. O “nó górdio” do processo educacional das redes públicas vai muito além dessa singela sugestão. O principal problema da educação básica pública chama-se Paulo Freire, endeusado pelos esquerdistas brasileiros.
O educador norte-americano, Frank Laubach (1888/1970) alfabetizou, como missionário, milhares de pessoas em Pernambuco. Tempos depois, Paulo Freire apresentou método semelhante ao dele — adicionando o marxismo. Virou a “pedagogia do oprimido”. Oprimido por quem? Aí vem o capitalismo como réu dessa trágica história freiriana. Não consta que o oprimido Paulo Freie tenha sido oprimido pelo “sistema” (um ser invisível). Era um profissional bem remunerado. Vivia feliz no mundo capitalista.
Para quem conhece a história, estamos precisando de um Alexandre, o Grande, para cortar o “nó górdio” da educação pública brasileira, em todos os níveis.
Encerro esta postagem com uma das frases relevantes de Frank Lauback: “O analfabeto não deixa de ser uma pessoa instruída pelo fato de não saber ler e escrever. Ele é uma pessoa isolada do conhecimento formal. Promover a alfabetização é mudar a consciência desta pessoa, reintegrando-a ao meio em que vive e colocando-a no mesmo plano de reconhecimento de direitos humanos fundamentais.”.